terça-feira, 21 de agosto de 2007

Enfim, Off-line

Depois de um dia de descanso e outro de organizaçao, fechamos novamente nossas mochilas rumo às próximas montanhas.
Agora serao uns 10 dias acampados, subindo, descendo, movendo acampamento de uma altura para outra, de um lugar para outro.
Organizar todo material necessário para a escalada, comprar comida para uns 10 dias, montar um roteiro da escalada, tudo isso consome um bom tempo. Nesses dois dias depois que baixamos do Vallunarajo estamos nos preparando para as próximas montanhas.
Eu o Regi sabemos que nao adianta ter um roteiro fixo, preparamos algo para termos noçao de tempo, material e consumo de comida. Pois atacar os cumes das montanhas depende da montanha e do clima. Devemos sempre escalar respeitando as condiçoes da natureza, isso claro, para quem escala com segurança.
Para quem um dia queira vir a Huaraz escalar por aqui, pode ficar tranquilo com a alimentaçao, nós estamos pasmos com tanta variadade de comida que se pode encontrar por aqui. O povo peruano desta regiao come muito bem, há uma grande variedade de legumes, frutas, cereais e para quem gosta de um enlatado existem muitas possibilidades. Encontramos uma lojinha dentro do mercado municipal da cidade que vende de tudo, enlatados, sopas, cereais, até comida desidratada e liofilizada. E tudo por um preço muito acessível. Hoje fizemos uma compra para uns 10 dias, arregados de comida e nos custou 150 soles, algo próximo de R$ 100,00. Se fosse no Brasil teria nos custado uns R$ 300,00. Aqui o povo come muito bem por um preço baixo. Bem diferente do Brasil. Nos restaurantes entao nem se fala, muita variedade. Todo dia provo um pouco da culinária peruana e cada dia me encanto mais. Tudo muito saboroso e melhor ainda, barato, eheheh.
Amanha nosso empenho começa cedo e partiremos em uma van até um povoado chamado pashpa, creio eu, depois seguiremos por 15 KM a pé, até a quebrada Ishinca, onde será nosso acampamento base, para escalar o Ishinca, O Urus e o Toclaraju. Este nosso treking de amanha será facilitado com a ajuda de mulas que carregarao nossas cargueiras. Ainda bem, pois no Vallunarajo deu uma canseira danada subir o acampamento morena.
Agora sim, posso dizer que ficarei off-line, pois serao no mínimo 10 dias por aquelas quebradas, escalando, subindo, descendo, caminhando, cozinhando, descançando, fotografando, enfim, é para isso que viemos até aqui, para curtir alguns dias na montanhas, e nao só conquistar cumes.
Hoje apareceu um gringo no Hostel, vizinho de quarto, equipado até os dentes, como todo americano, querendo escalar algumas montanhas daqui sozinho, acabamos convidando o Mike para escalar conosco. Agora vamos ter que treinar nosso ingrêis e ele o espanhol, hehehe.
Amanha cedo vamos confirmar se ele vai aparecer mesmo. Como montanhistas temos sempre que estar abertos a conhecer e fazer novas amizades e intercambios. Aqui em Huaraz todos os dias chegam montanhistas de toda parte do mundo e creio que sempre devemos ao menos tentar nos enturmar, pois como já disse antes, todos estaremos sobre as mesmas condiçoes, assim, dividindo a mesma água, o mesmo terreno e o mesmo teto.
Vou indo que amanha começa o Rock and Roll.
Dou notícias assim que voltarmos, lá pelo dia 02/09.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

En la cumbre

Tenho muito o que escrever sobre esses dias de viagens, mas vou começar pelo dia de mais escalada e menos cultura.

Vou reescrever o dia 19/08 de meu "Black Book" (o diario negro das minhas aventuras, que começo a escrever). Desculpem a falta de acentos, nao encontro todos nesses teclados em espanhol.

Vallunarajo 5670m - Cordilheira Branca - Peru




Domigo 19/08
Meu celular-despertador toca as 3:30 da madrugada e rapidamente abrimos o ziper da barraca para olharmos o ceu, que estava abertissimo e muito estrelado, conseguiamos ate enxergar as outras montanhas. O tempo que precisavamos para atacar o cume do Vallunarajo 5670m.

Comemos um pao huarense e tomamos um cha indiano com folhas de coca e as 4h da manha ja estavamos subindo as rampas de rocha que antecedem o glaciar. Deixamos o Campo Morena (4900), nosso segundo acampamento, bem leves pois no dia anterior fizemos um reconhecimeto do glaciar e deixamos os equipamenos tecnicos na base do glaciar.
Começamos a caminhar no glaciar ainda no escuro, creio que por umas 5h da manha, o tempo estava tao bom que nem precisavamos das nossas lanternas, pois o glaciar era tao branco que as luzes das estrelas e da lua era suficiente para caminharmos na neve.
Quando o dia clareou ja haviamos vencidos muitas rampas de neve. Com a temperaura em torno de zero grau a caminhada no gelo estava muito boa, com um gelo duro quase em toda a subida, facilitando a cramponagem.
O Regi ia na frente descobrindo o melhor caminho para subir as rampas de gelo, que estavam sempre entre 30 e 40 graus de inclinaçao, e desviar das gretas, que eram muitas, mas na maioria bem abertas e bem visiveis.

Quando o dia clareou foi um espetaculo ver os raios solares iluminarem o mar de montanhas que nos cercava.

Logo que começamos a escalar senti as fortes dores de cabeça que me assolavam desde os cinco mil metros e uma nausea que parecia que iria vomitar a qualquer momento. Conforme fomos progredindo esse desconforto da aclimataçao me incomodava mais.
Na parte mais bonita da escalada, uns 200 metros antes do cume pensei em desistir, o mau estar era muito forte.

Entao sentei-me na neve, descansei alguns minutos, tomei um Red Bull, dei umas bicadas num leite moça e logo em seguida tivemos que saltar uma greta muito profunda. Depois da greta minha adrenalina subiu e so queria terminar a escalada e chegar ao cume.
Os ultimos 200 metros sao alucinates, gretas, rymaias, cristas, cornijas, mudam totalmente a escalada. Deste ponto em diante temos que mudar nosso ecordamento de glaciar para o encordamento convencianal, com paradas e guiadas.
Os ultimos 100 metros foram muito marcantes pra mim. Transcorre por uma crista afinada bem exposta, com algumas cornijas que parecem que vao desabar, por uma parte mais vertical da crista uns 70 graus talvez, temos que escalar tecnicamente com dois piolets. O Regi guiou a primeira cordada e eu encarei a segunda. Nunca havia escalado em gelo e me surpreendo a 5600m com um vazio de 2000m abaixo de mim. Curti demais essa guiada (foto ao lado). Claro que passei o maior cagaço, mas precisava deste teste para as proximas montanhas que vamos escalar. Quando meus 50 metros de corda da guiada esticaram o Regi preferiu subir em simultaneo, entao atencao redobrada ate o cume.

Quando achavamos que o cume ja estava em nossas maos, desabei diante dos 30 metros finais com a neve pela cintura.

O Regi passou por mim, tentou progredir em pe, mas nao havia como, entao chegamos ao cume do Vallunarajo (5670m) rastejando, pois era o unico modo de progredir naquela neve fofa demais para as nossas forças.
A vista do topo e indescritivel, muita montanha e muito gelo de um lado e de outro o oceano pacifico. Tiramos algumas fotos e começamos a descer. Enquanto os 50 metros de corda do Regi esticavam, de joelhos fiz uma oraçao de agradecimento a Deus, por tudo que vivi , por todos meus amigos e familiares e pelo dia perfeito.


Tive mais medo na descida, talvez porque encaramos a altura de frente. Terminado os trechos mais dificeis e expostos da descida, nos desencordamos e tiramos os crampoes para descer mais rapido.

Eu descia caminhando, escorregando, cambaleando, mas sempre muita atençao, pois haviam muitas gretas no caminho. Por fim, as 2h da tarde estavamos de volta em "segurança" no Campo Morena (4900m).




Ainda tinhamos que desarmar acampamento e baixar ate o refugio a uns 4000m onde encontrariamos o taxista que nos deixou na quebrada llaca e retornaria para nos buscar. Desarmamos o rapidamente o acampamento ao som de Rush e descemos a pesadissima trilha das morainas. As 4h da Tarde estavamos no refugio da casa de guias de Huaraz, mas nada do nosso taxista. Depois de 12h de atividades intensas resolvemos nos abrigar no refugio e preparar algo para comer e dormir. Pois desde o cafe da manha, nao comemos mais nada, so bebemos muito liquido. Estamos tao contentes com nossa escalada, com as fotos, com o maravilhoso e perfeito dia que nem esquentamos com o taxista, que nao veio nos buscar.
Amanha devemos ter sorte de vir algum gringo ou montanhista aqui e pegarmos uma carona ate Huaraz .








4 dias na quebrada llaca, um cume conquistado e agora e preparar-se para os proximos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Saindo da zona de conforto

Sábado dia 11 levei o Regi escalar no Parque Nacional, e já aproveitamos para gravar uma pequena matéria que passou no jornal da noite sobre nossa viagem. Levar os amigos para escalar naquele lugar mágico me deixa muito feliz. Escalamos algumas vias e depois fomos para o Espaço das Américas, onde me despediria dos amigos. Mais algumas escaladinhas e já estava na hora dos abraços, alguns mais especiais que outros e entao partimos para terminar de arrumar a mochila. Quando nao esperava mais emoçoes para este dia, algo de ruim aconteceu para terminar mau um dia cheio de boas energias e emocoes. Ao retornar do centro a noite um carro literalmente nos atropoleu, bateu em toda lateral do nosso carro. Engraçado isso acontecer logo depois de terminarmos um dialógo sobe a vida na cidade, que pode ser muito mais perigosa que aquela que levamos nas montanhas. Mas enfim, por sorte, graças a Deus, todos bem, o carro bem detonado ainda conseguir chegar em casa, cambaleando como um bebado mas chegou.
Domingo dia 12 partimos para Argentina, nosso embarque era em Buenos Aires, uma viagem muito tranquila e muito confortável. Cedinho já estavamos lá, tomamos um onibus ao Aeroporto Ezeiza em Buenos Aires, há uma empresa chamada Mamoel Tienda Lion que oferece um transfer bom e barato se comparado com o preço de um remis ou taxi.
Domingo já comecei a evoluir com meu espanhol, pois fiquei na área de embarque das 10h da manha até as 6h da tarde quando o voo saiu para Santiago onde compraria alguns equipamentos.
Um longo atraso por causa de uma forte neblina que só foi dissipar-se depois das 13h.
Resultado desse atraso foi que nao pude comprar nada em Santiago e já partir para a próxima conexao para Lima. Reencontrei o Reginaldo que ficou passeando e nao teve problemas com atraso. Segunda chegamos em Lima as 2h da manha. Tiramos um cochilo no aeroporto junto com outros gringos e as 7 da manha partimos para a jornada final. Por um rápido passeio em Lima, já deu pra perceber os grande problemas de uma cidade com mais 10 milhoes de habitantes. Pense num Paraguay com uns 15 milhoes de habitantes, assim é Lima. Muito diferente da linda e charmosa Santiago. Grandes diferenças podemos sentir em uma pequena voltinha pelos nossos países vizinhos. Uma das coisas que mais me impressionou no caminho foi ver 3 mendigos em baixo de um viadulto se aquecendo em uma fogueira, até aí normal, mas os tres estavam lendo, um lia jornal e os outros dois liam livros. Imagine quando isso vai acontecer no Brasil, aquela hora no Brasil todos os moradores de rua já deveriam estar em algun estágio do seu alcolismo.
Enfim, compramos as Passagens para Huaraz por 10 dólares numa empresa chamada Movil Tours, a qual recomendo, fomos de onibus convencional, mas foi uma viagem muito tranquila, confortável e segura. Nao viamos a hora de chegar, de Lima a Huaraz sao 400 km, 200 percorridos pelo Litoral do Oceano Pacífico e depois 200km entrando na Cordilheira. Alguns poucos kilometros antes de Huaraz o Onibus chega a 4000 mil metros, no alto de uma serra, nesse momento tivemos a primeira vista da Cordilheira de Huayhuash e da Cordilheira Branca. É realmente incrível ver de perto esse monte de montanhas de 6 mil metros que formam grandes paredoes brancos. Mais um taxi e pronto, estavamos em nosso Hostel.
Agora porque ¨Saindo da zona de conforto¨?
Eu considero que vivemos em nossa zona de conforto quando vivemos em nossos lares, realizamos nosso trabalho e fazemos aquilo que pensamos e devemos fazer no decorrer do nosso dia normal. Sair da zona de conforto, significa deixar essas coisas pra trás e ir em busca de algo novo, diferente, excitante, interessante. Eu vivo mais feliz fora dessa zona de conforto, cada um tem que identificar a sua e inventar algo para pular a cerca que te prende ao cotidiano. Invente, tente, mas faça algo diferente sempre que puder.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Pouca grana e muita vontade.



Depois de ler Tocando o Vazio de Joe Simpson, cheguei a conclusão que não sou o único montanhista que viaja com a grana na estica. Imaginem, os caras vieram acho que da Inglaterra para escalar no Peru e só tinham 200 dólares pra voltar, e quase que ficam na mão pois o infeliz do Joe escondeu a grana debaixo de uma pedra no acampamento Base. Agora pense na cena, o cara todo fudido, depois de descer 3 dias se rastejando montanha abaixo com a perna quebrada e ainda tinha que revirar as pedrinhas pra encontrar seus preciosos dólares. Quem não leu esse livro LEIA (leitura obrigatória), essa nem é a história principal do livro , que trata de uma tragédia que poderia ter sido pior. O ponto que queria chegar, é que tirando alguns bons montanhistas que são patrocinados e conseguem comprar os equipamentos dos sonhos, nós pobres amadores temos que nos virar, pegar uma coisa emprestada aqui, comprar algo usado ali e assim vai.
Mas me orgulho de ser um montanhista amador, solidário e não competitivo.
Acho que antes do problema do dinheiro que envolve nossas escaladas o pior problema é o tempo. Pois a grana com um pouco de criatividade, trabalho e empenho se levanta. Agora o grande vilão fica por conta do tempo. Já perdi a conta de quantas pessoas que conheci que gostariam de passar uma semana acampado em alguma montanha por aí, mas quem consegue tirar esse precioso tempo. Pelo menos comigo sempre que tinha um não tinha o outro, como é duro ser pobre né, eheheh. Mas enfim, descolando o tempo o resto se arruma.

Quem realmente gosta de escalar e estar nas motanhas acaba sempre deixando alguém, ou alguma coisa pra trás, aquele feriadão com a família, uma visita a um amigo, churrasco da turma do trabalho no final de semana. Alguns tem a grande sorte de ter uma família "montanhística" que está sempre presente nas aventuras, outros acabam partindo sozinhos e fazendo sempre novas amizades com qualquer um que esteja na mesma montanha. Essa é uma caracteristica muito interessante, parece que já temos um estereótipo definido de amigo, se esta na mesma condição então é gente boa, heheh.

Falando nisso estou apreensivo, pois só vou encontrar Gringos nessa minha próxima escalada, espero encontrar alguns Peruanos que sejam legais também, no espanhol eu até desenrolo uma conversa e se precisar até uma cantada a una chica muy guapa, ahora en Inglês, fuja....

Acho que agora é terminar de arrumar a mochila e preparar o espírito para a próxima aventura.
No decorrer dos dias, quando puder relatarei aqui no Blog nossas escaladas na Cordilheira Branca, no Peru. Chegaremos em Huaraz dia 14/08 e vamos começar a escalar dia 16 por aí.

Sei que meu texto divagou do título, mas a verdade é essa, o importante é ter vontade, ter gana e não grana. Lembro de uma frase do Lair Ribeiro que diz assim "Ouse fazer e o poder lhe será dado". E realmente isso é verdade, pois depositamos nossas energias e nosso empenho naquilo em que acreditamos que seja bom e que nos fará felizes. No início do ano estava dedicado e empenhado aos estudos e consegui passar em um concurso, agora volto a estar empenhado e comprometido com uma grande escalada e espero ter sucesso também. Aos amigos que estão lendo isso, só digo que gostaria muito que estivessem comigo.
"É nas montanhas que busco minha saúde e e econtro minha paz e alegria entre amigos"
No final de semana escrevo mais, beijos e abraços!



quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Post number one


Só eu mesmo para tirar alguns minutinhos para criar meu blog no meio dessa balbúrdia que antecede essas viagens..
Minha real intenção era terminar meu site, mas como sempre, estou terminando os sites dos meus clientes e vou deixar o meu para quando voltar da minha viagem ao Peru.
No momento não sei se escrevo aqui, se copio um arquivo ali, configuro algo lá ou se vejo alguma coisa da viagem.
Só mesmo estando concentrando em tantas coisas ao mesmo tempo para desviar a memória de um amor deixado pra trás. Bom, mas vamos deixar as mágoas de lado, porque elas já passaram.

O que escreverei em meu blog será sobre escalada, montanhismo, aventuras, relacionamentos, deixando aqui um pouco da minha história e do meu jeito de levar a vida.

Pra terminar esse post, a primeira de muitas frases CTRL+C e CTRL+V:

"Nunca pare de explorar". A vida é muito curta para a vivermos de qualquer outra maneira.

T. S. Elliot: